sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Mundo Inventado


Vou falar sobre um fato que me persegue desde pequena. O fato de que esse mundo nunca foi suficiente para mim.

 Eu precisava de um mundo particular. Então, criei um outro mundo para que eu pudesse me livrar  da dura realidade que todos os dias tentava me engolir com sua boca tão grande.

As mais belas e loucas histórias de amor foram inventadas e vividas por mim em meus devaneios. Além das aventuras mais radicais e concretizações  dos  mais secretos  desejos.

Quando saia de meu mundo inventado, me deparava com o mundão cruel que me dizia que eu era o oposto de tudo aquilo que havia inventado. Por isso era tão insuportável eu viver nele. Ele me mostrava tudo o que eu não queria ser. Nem queria admitir que era.

A batalha do Mundo Real contra o Mundo Imaginário.

Mundo real: Brincava com o portão da escola e conversava com ele como se fosse um velho amigo, enquanto ignorava os dedos apontando em minha direção acompanhados por deboches do tipo: “Olhem, uma menina conversando com o portão!”. Sentada no pátio vazio da escola munida de livros da coleção Vagalume, afastada de todos os outros seres racionais, era incompreendida.
  
Mundo imaginário: A garota mais bonita, popular, cheia de amigos e uma atleta nata. Às vezes gerava inimizades entre os garotos, pois todos eram apaixonados por mim e me disputavam aos tapas. Porém, meu coração já tinha dono, que por mera coincidência pertencia ao garoto mais bonito e popular da escola.

Elegendo a segunda opção como a minha favorita, eu passava bem mais tempo em meu imaginário mundo no que no verdadeiro.

Mesmo já estando crescida o mundo inventado me levava para longe da maldade e padrões estipulados pela sociedade que acaba por diminuir as pessoas que tem dificuldade em se relacionar com ela. Por esse motivo eu inventei um mundo sendo o oposto desse, ele me dava esperanças de um mundo real melhor em todos os aspectos.

Depois de algum tempo os deboches da escola foram substituídos, pelo pessimismo e descrença de pessoas que tentavam quebrar as asas de minha imaginação me lembrando repetidamente; “você não pode ser”, “não vai conseguir”, “não tem condições”, “não é capaz”, diziam as vozes que trincavam o meu mundo, mas ele se nunca quebrou. Porque embora mundo real gritasse, a minha mente não escutava e “tapava os ouvidos”.
Eu me recusava aceitar um mundo diferente do que eu merecia.

Aos poucos o meu mundo imaginário foi enfraquecido pelas dificuldades que iam surgindo com o tempo, e o mundo real se tornou mais presente porque ele me obrigava a pagar contas. Mas, sempre permiti um pezinho naquele mundo criado por minha fértil mente.

Uma confusão surgiu entre os mundos. É melhor viver da realidade ou viver de imaginações?
Na dúvida, eu escolhi ficar com as duas opções.
Preciso dos dois. Pois quando esse mundo aqui sufocar e quiser me “engolir”, eu corro para aquele que é tão bom, acolhedor e amistoso mundo. Encontro fuga para tudo quanto é coisa ruim, vou para longe por instantes enquanto esse mundo parece querer desabar e imagino um mundo só com coisas boas.

É claro que “mundo imaginário” é só um disfarce, ele pode ser qualquer outra coisa que você se apega para ser forte e sobreviver nessa selva que é a vida.



 

Um comentário:

Raquel disse...

minhas paixões parecem sempre estar no mundo imaginário...qdo vou para o real percebo que os sentimentos vem sempre só de mim...do outro não houve troca se quer...
Boa reflexão essa... sempre encafifei com isso, mas adorei a forma como vc expressou! Parabéns!!