Minha visão sobre o do lado de fora começou com lembranças de sonhos que com o tempo foram deixados para trás, anseios adormecidos e sufocados até serem esquecidos.
Depois de ter lutado tanto para estar do lado de dentro, fazendo promessas e correndo atrás de qualquer possibilidade que trouxesse a segurança da estabilidade.
Frustração... Sentimento adquirido após anos trabalhando em um lugar fechado, disputando cargos, computadores e ar condicionado. Obedecendo a hierarquias, acumulando neuras, controlando vontades.
O lado de dentro passou a me incomodar, porque tornou-se imutável e cômodo, nada mais desperta interesse ou satisfaz, tudo se resume a objetos que um dia acreditei piamente serem meus, mas que não posso levar comigo quando abandonar o comodismo do lado de dentro.
Já do lado de fora o vento sopra em meus cabelos freneticamente enquanto sigo novos caminhos guiados por expectativas de restaurar os velhos ideais perdidos. Lá fora brilha o recomeço e me convida a dar início a uma nova história.
E o que fica para trás continua normalmente, como se o antes nunca houvesse existido, com a memória apenas do usado.
Do lado de fora, quando olhar para trás só o que vai restar é uma janela, a qual do lado de dentro me limitava a observar apenas um pedaço do céu azul.
Mas do lado de fora posso ter a visão completa.